ATA DA NONA REUNIÃO
ORDINÁRIA DA PRIMEIRA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA SEXTA LEGISLATURA, EM
30-01-2013.
Aos trinta dias do mês de
janeiro do ano de dois mil e treze, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do
Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto
Alegre. Às nove horas e quarenta e cinco minutos, foi realizada a segunda
chamada, respondida pelos vereadores titulares Alberto Kopittke, Clàudio Janta,
João Carlos Nedel, Jussara Cony, Lourdes Sprenger, Mario Fraga, Mônica Leal,
Paulo Brum e Reginaldo Pujol, titulares. Constatada a existência de quórum, o
senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Reunião,
compareceram os vereadores Alceu Brasinha, Dr. Thiago, Fernanda Melchionna e
Paulinho Motorista, titulares, e João Derly, não titular. Do EXPEDIENTE,
constaram: Ofícios do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, emitidos
nos dias vinte e um e vinte e sete de dezembro do ano de dois mil e doze;
Comunicado do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação do Ministério da
Educação, emitido no dia onze de dezembro do ano de dois mil e doze. Durante a
Reunião, deixaram de ser votadas as Atas da Sétima e Oitava Reuniões
Ordinárias. Após, foi apregoado Requerimento de autoria do vereador Valter Nagelstein
(Processo nº 0451/13), solicitando autorização para representar externamente
este Legislativo, hoje e amanhã, em solenidade relativa ao Dia Internacional em
Memória das Vítimas do Holocausto, em Brasília – DF. Em COMUNICAÇÕES,
pronunciaram-se os vereadores Alberto Kopittke, Reginaldo Pujol, Clàudio Janta,
Jussara Cony, Lourdes Sprenger, Mario Fraga, Mônica Leal, Fernanda Melchionna,
João Derly e Dr. Thiago. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores
Alberto Kopittke, Reginaldo Pujol, Clàudio Janta e Paulinho Motorista e as
vereadoras Jussara Cony, Mônica Leal e Fernanda Melchionna. Durante a Sessão, o
senhor Presidente registrou as presenças, neste Plenário, do major Romeu
Rodrigues da Cruz Neto, Subcomandante do Grupamento de Busca e Salvamento
do Rio Grande do Sul. Às
onze horas e vinte e sete minutos, o senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos,
convocando os senhores vereadores para a Reunião Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram
presididos pelos vereadores Dr. Thiago, João Carlos Nedel e João Derly e
secretariados pela vereadora Mônica Leal. Do que foi lavrada a presente Ata,
que, após distribuída e aprovada, será assinada pela senhora 1ª Secretária e
pelo senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Passamos às
COMUNICAÇÕES
O
Ver. Alberto Kopittke está com a palavra em Comunicações.
O SR. ALBERTO KOPITTKE: Estimados colegas, muito bom dia a todos
que nos assistem aqui e nas suas casas, bom dia aos servidores da Casa. Quero
trazer, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, assim como no de toda
a sociedade gaúcha, a nossa consternação, os nossos sentimentos mais profundos
às famílias que foram atingidas pela tragédia do último domingo, pelos 235
jovens que perderam as suas vidas nessa grande tragédia que todo o nosso Estado
sofre e que tem que servir para que possamos – nós, representantes políticos,
da classe política do Estado –, neste momento, somar forças, conseguir, mais do
que nunca, unirmo-nos na discussão das formas que temos que buscar na
legislação, na atuação dos nossos Poderes para aquela que é a maior
responsabilidade do Estado – com “e” maiúsculo –, através do Município, Estado
ou União, que é a preservação da vida. Nós precisamos, urgentemente, passar
para uma cultura de preservação da vida: preservar a vida no campo da segurança
pública, no campo da prevenção de tragédias, sejam elas naturais ou não, como a
que se abateu sobre o nosso Estado, sobre a cidade de Santa Maria. E, para
isso, trago aqui a contribuição sob três aspectos que eu julgo que sejam
importantes, porque nós precisamos passar deste momento de luto para um momento
de reflexão sobre as ações que podemos todos tomar, sem oportunismo, sem
afobação, sem instaurarmos também uma lei marcial que proíba qualquer jovem ou
que feche todas as casas noturnas. Não é disso que se trata; trata-se de pensar
os mecanismos legais para o bom funcionamento, para garantir efetivamente que
tragédias como essa nunca mais ocorram no nosso solo. Para isso, eu acho que
são três pontos que eu vou deixar para o debate que vamos ter amanhã.
Eu
tenho vários colegas membros dos bombeiros – aqui está o Major Romeu, do grupo
de salvamento dos bombeiros, o nosso GBS – e vários outros colegas com quem
discutimos, sonhamos ideias, pensamos, e vários deles atuaram em tragédias no
Rio de Janeiro e Santa Catarina. E discutimos muito a necessidade de se
construir efetivamente uma cultura de prevenção a catástrofes na nossa Cidade e
no nosso Estado. Um dos pontos fundamentais é uma atenção, uma priorização aos
bombeiros do Rio Grande do Sul. Os bombeiros vêm clamando em todo o País a
necessidade de uma estruturação, a necessidade de que as suas atribuições
efetivamente ganhem força dentro da corporação policial. Porque são tarefas
diferentes, são conhecimentos e ações diferentes. Então, acho que é, sim, um
momento importante para refletirmos com parcimônia, com tranquilidade, mas de
maneira definitiva, sobre a estruturação do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do
Sul. Não com aquele tema que, nos anos anteriores, gerou um movimento que em
algumas vezes até passou do ponto da legalidade, pela separação dos bombeiros
em alguns Estados. Não é disso que se trata, mas, sim, da autonomia de que o
Governador tanto falou, e agora é um momento importante para que possamos
implementar isso. Aproveitando a chegada desses 600 novos bombeiros que estão
no final da sua formação...
Meu
tempo se esgota. Peço ao nosso Presidente que me conceda tempo em Comunicação
de Líder, apenas para eu finalizar meu raciocínio.
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Alberto Kopittke prossegue a sua
manifestação, a partir deste momento, para uma Comunicação de Líder.
O SR. ALBERTO KOPITTKE: Obrigado, Sr. Presidente, Ver. Nedel.
Pela primeira vez na história, 600 bombeiros estão sendo treinados de maneira
autônoma, já com o currículo baseado nas técnicas e habilidades dos bombeiros.
Então, que aproveitemos este momento para dar um passo fundamental para a
garantia da autonomia e estruturação dos nossos bombeiros.
O
segundo tema é o fortalecimento do poder de fiscalização das nossas
Prefeituras. Porto Alegre é uma cidade privilegiada. Ela tem um sistema de
fiscalização eficiente, leis fortes, mas precisamos, para evitar tragédias como
esta, atuar de maneira conjunta. Não é um fiscal, no meio da madrugada,
sozinho, que vai conseguir fechar uma casa com mil jovens. Para isso,
precisamos unir todas as forças de fiscalização junto com a Brigada Militar, a
Polícia Civil, os Bombeiros, a Defesa Civil estadual, unidos, trabalhando nas
madrugadas na nossa Cidade. Trago aqui a experiência de Canoas, da qual fiz
parte. Lá construímos um plantão integrado de fiscalização e segurança pública.
Todas as madrugadas de sexta e sábado, saíamos, mais de 40 servidores, a
fiscalizar os estabelecimentos durante os eventos. Fiscalizávamos para ver se
não havia superlotação, se a porta de emergência não estava trancada...
Fiscalizávamos durante o evento.
Então,
eu acho que a nossa Cidade precisa se estruturar. Isso se relaciona com o que
eu venho falando: o fortalecimento e a instituição efetiva, em Porto Alegre, do
Gabinete de Gestão Integrada – GGI; esse é um espaço de que precisamos. Temos
que fazer não apenas reuniões formais como o Ministério da Justiça exige, como
a Secretaria Nacional de Defesa Civil exige, mas nós precisamos tornar o GGI
realmente um órgão que opere no dia a dia da Cidade, nas madrugadas da Cidade,
que é quando nós perdemos nossos jovens. É nas madrugadas que nós temos
homicídios, acidentes de carros e ainda tragédias terríveis como esta. Então,
são esses os temas.
Por
fim, quero dizer que passei ontem o dia conversando com proprietários de casas
noturnas regulares aqui da nossa Cidade para ouvir também o lado deles, sobre o
que essas pessoas que movem a economia da Cidade têm a nos dizer também sobre
as dificuldades por que eles passam. Não são bandidos os proprietários de casas
noturnas; não estou falando no caso específico de Santa Maria, em que a
autoridade policial vai determinar as culpas e as consequências devidas, mas é preciso
muito cuidado, e por isso eu fui ouvi-los, e eles também pedem que se organize
melhor todo o processo de habilitação das casas noturnas, de fiscalização,
porque eles, muitas vezes, não sabem nem a que órgão ir ou vão indo de órgão em
órgão; vão a um órgão, e precisam de um alvará de outro, e assim eles vão indo
num processo quase kafkiano. É preciso unificar.
Então
eu deixo aqui a proposta para, assim como nós fizemos na experiência que eu
relatei, a nossa Prefeitura criar uma central de atendimento única para esse
tipo de estabelecimento em um único processo, não vários, não um processo em
cada órgão, porque depois nem se encontra onde está a documentação necessária
para averiguar a história daquele estabelecimento, mas que a gente possa criar
um órgão único para gerenciar as demais fiscalizações e um único processo para
quem deseja abrir o seu estabelecimento.
No
mais, reafirmo aqui os nossos sentimentos aos familiares, a toda a comunidade
do Rio Grande do Sul e, mais uma vez, lembro que nós perdemos, por ano, no Rio
Grande do Sul, mais de 600 jovens vítimas de homicídio e mais de 450 jovens
vítimas de acidentes de trânsito. E agora esta tragédia enorme que nos
entristece e vai marcar, com certeza, a história de todos nós, do nosso Estado.
Então, nossa saudação, nossos sentimentos e votos de restabelecimento da saúde
daqueles...
(Som
cortado automaticamente por limitação de tempo.)
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs.
Vereadores, ouvi atentamente a manifestação bastante criteriosa do nosso colega
Kopittke que, evidentemente, faz coro com a Nação brasileira e abre um debate
que seguramente vai se instalar na Casa acerca dos episódios de Santa Maria e
suas nefandas consequências.
Honestamente,
Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, eu tenho, desde a madrugada
de domingo para segunda, com tristeza, acompanhado este desfilar de acontecimentos
que têm pautando este infausto acontecimento, desde a corrente enorme de
solidariedade que se espalha por este Brasil todo e que bem demonstra a
generosidade e o espírito solidário do nosso bom povo até – por que não? – a
transformação da cidade de Santa Maria em palco de grandes manifestações,
exuberantes manifestações, de verdadeiras contradições e até mesmo, Ver. Janta,
um cotejamento de quem, de forma mais aguda, faz o protesto e apresenta uma
perspectiva de solução ou de punibilidade em cima dos acontecimentos aqui
referidos e que todos nós estamos a vivenciar nesses dias. Eu, sinceramente,
vejo com muita preocupação este desfile de autoridades regionais, estaduais e
até nacionais, cada uma acrescentando ou tentando acrescentar um fato novo a
esta situação, que já é sobremaneira delicada e, mais do que isso, de difícil
aceitação e contemplação pura e simples por parte de quantos tiveram a
oportunidade de conhecer alguns detalhes do que aconteceu.
Mas
o que mais me impressiona, Ver. Paulinho, Ver. Nedel, é que mais uma vez me
parece que a corda vai estourar do lado do mais fraco. Na ânsia de se encontrar
responsáveis, na busca de uma justiça que até, sob alguns aspectos, seria até
vingativa, nós vamos vendo que, ao final e ao cabo, vão explodir no Município
as grandes responsabilidades. E isso nem é de se surpreender, porque é nos
Municípios que as coisas acontecem, é nos Municípios que os fatos de sucedem, é
nos Municípios onde as pessoas vivem, moram, e, inclusive, vão às boates e
festas.
Pelos
depoimentos que temos verificado, esse conflito entre posições, algumas das
quais até publicamente desautorizadas, nos mostram a possibilidade de se olhar
esse problema sob vários enfoques. Mas o que não pode deixar dúvida nenhuma, é
de que, ao final, quem vai ter que resistir às consequências desse fato...
O
SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Reginaldo Pujol prossegue a sua
manifestação, a partir deste momento, em Comunicações.
O SR. REGINALDO PUJOL: Continuo dizendo que ouvi essa série de
contradições, essa tentativa midiática, inclusive, a grande cobertura
jornalística que ocorre em Santa Maria parece que chama novos autores que, de
forma expressiva, buscam colocar as suas posições e não escondem um cotejamento
até mesmo contraditório. E, nesse contexto todo, o que eu quero salientar, Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, como diz o velho ditado que
corre solto pelas ruas e pelos campos do Quaraí: depois de porta arrombada não
adianta tranca de ferro.
Não
serão meros pronunciamentos e grandes gestos de solidariedade que irão
conseguir transformar uma realidade intransformável, que é a perda de tantas
vidas e outros clamores que ainda se fazem sentir.
A
mesma convicção e a mesma certeza que temos neste particular, de que não serão
pronunciamentos, não serão discursos, entrevistas bombásticas nos jornais,
grandes coberturas jornalísticas que farão se voltar no tempo e fazer com que
fatos que ocorreram não tivessem ocorrido. Da mesma forma, a mesma convicção
que nós temos nesse sentido não nos abandona e não nos autoriza; pelo
contrário, nos compromete com a ideia de que é preciso que se busque com
serenidade, que se retire desse maldito acontecimento, desse malfadado
acontecimento as melhores e mais realísticas lições que ele pode oferecer. Ora,
Sr. Presidente, dentro desse tumulto e dessa competição de informações, parece
que uma coisa é indiscutível: surgiu um artefato que produz fogo num recinto
fechado. Isso – como dizem os jovens – é fato comum nas nossas danceterias, nas
nossas boates. O próprio integrante da banda que se apresentava declara que o
instrumento era impulsionado na hora da explosão, na hora do entusiasmo, na
hora do gaitaço. Ora, se tem uma coisa que, indiscutivelmente, era previsível é
que esse fato, por si só, colocava em risco toda a população que lá se
encontrava. E não se diga que houve falha do Município, pois os nossos colegas
de Santa Maria, em 2001, por lei municipal, de forma expressa, proibiram a
utilização desses sinalizadores em ambientes fechados como aquele em que ele
foi utilizado.
Então,
ouvi há pouco, que as pessoas vão ter que se cuidar, daqui por diante, para
saber aonde vão seus filhos; não, os nossos filhos, os nossos netos vão aos
lugares licenciados, pelo menos assim acredito que seja. Se não for assim, há
uma omissão. Então, esse fato isoladamente já nos leva, Ver. Brasinha, a várias
conclusões.
Eu
estive com V. Exa. fora do País, lá em Santa Cruz de La Sierra, e observamos
que, em algumas situações, em especialmente em matéria de Trânsito, estamos
muito mais avançados dos que eles. Eu quero dizer, com a responsabilidade de
quem está nesta Casa há muito tempo, que, em nenhum momento, o Legislativo de
Porto Alegre deixou de contribuir com legislação adequada para o tratamento
dessas situações na cidade de Porto Alegre. Muita coisa que se tem evitado vêm
fundamentalmente da aplicação de uma legislação que a Casa ao longo do tempo
elaborou e foi aperfeiçoando, e que inclusive condena esse tipo de
acontecimento que estou aqui a referir.
Por
isso, Vereador-Presidente, V. Exa. transforma esta Sessão da Comissão
Representativa num fato importante na vida desta Casa, até pelo seu brilho
pessoal; por isso, quero dizer a V. Exa. que a responsabilidade de ser um homem
de posição política clara, nunca escondida... Porto Alegre, o Rio Grande e
quiçá o Brasil sabem que sou um liberal. Muitos confundem que a postura
liberal, Ver. Clàudio, dispensa regulamentação, dispensa legislação. Ao
contrário, nós optamos por viver num estado de direito, e um Estado de Direito
tem que ter regras, e regras muito claras. O que se diz hoje é que há uma regra
estadual que deve ser respeitada por similitude em todos os quadrantes do
Estado.
Quero
dizer, como Vereador da cidade de Porto Alegre, que não abdico do direito, da
responsabilidade e do dever de, Ver.ª Luiza, buscar na legislação, recolher da
legislação tudo o que nela existe, e, se for necessário, Ver. Nedel, buscar seu
aprimoramento e sua extensão, mas não renunciar ao nosso direito e ao nosso
dever de votarmos, legislarmos e estabelecermos uma regra para vigorar no nosso
Município. Obviamente não vão desconhecer regras outras que eventualmente
ocorram, porque o que mais se diz hoje, neste País, é que se obedecem a regras
nacionais que não decorrem da lei, são normas e, se desrespeitadas, como elas
não têm o estabelecimento de nenhuma pena, fica por isso mesmo. Apesar de que
aqui no estado do Rio Grande do Sul, essas normas foram recepcionadas pela
legislação estadual. Mas voltando, Sr. Presidente, não querendo, de forma
nenhuma, ignorar o sofrimento desta boa gente da cidade de Santa Maria, cidade
que me diz respeito muito de perto, pois ali estudei nos anos de 1953, lá se
vão 60 anos. Hoje netos dos meus ex-colegas estavam naquela festa; um deles,
lamentavelmente,
inclusive, não sobreviveu. E por isso, Vereadores, eu também sinto este fato,
mas acredito que nós não podemos ficar só no clamor, no lamento, na
solidariedade; nós temos, como eu disse anteriormente, que buscar recolher
neste fato lamentável, as lições que ele nos oferece. E as lições, mais uma
vez, dizem o seguinte: é necessário que se tenham leis muito claras,
autoaplicáveis, ou, quando não autoaplicáveis, bem regulamentadas. E que elas,
uma vez existentes, por autoaplicação ou por regulamentação, devam ter o seu
cumprimento exigido. É verdade que, com muita frequência, nesta tribuna, eu
mesmo tenho vindo, muitas vezes, pedir a flexibilização de algumas normas. Há
um espaço nesse sentido. O que não pode ser flexibilizado, de forma nenhuma,
são dados essenciais, são situações exponenciais que permitam quem deveria
proibir que a cobertura daquela casa, daquela boate, fosse feita com aquele
material altamente inflamável, se era lei municipal, e essa proibia ou não; ou
se era quem tinha que dar as normas de proteção contra incêndio, no caso, o
Corpo de Bombeiros.
Então, ficar discutindo esses detalhes é
absolutamente perda de tempo diante da tarefa que incumbe aos legisladores
deste País todo, deste Legislativo enfraquecido, sobremaneira nos dias atuais,
e nós aqui temos que dar o grito de resistência, de resposta e de afirmação.
Cumpre a nós, Sr. Presidente, diante deste fato horrível, rever a nossa
legislação, confirmá-la, se for o caso; revê-la, se for recomendável, mas,
sobretudo, não nos omitirmos de cuidarmos como legisladores municipais das
coisas da nossa Cidade. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Muito obrigado, Ver. Reginaldo Pujol.
Registro a presença do Major Romeu Rodrigues da
Cruz Neto – uma bela família, conheci o seu avô –, Subcomandante do Grupamento
de Busca e Salvamento do Rio Grande do Sul, um bombeiro da nossa querida
Brigada Militar. O senhor é muito bem-vindo, e nós, Vereadores, temos muitos
subsídios a receber dos Bombeiros, para que possamos fazer uma legislação
adequada para esta Cidade. Agradeço ao Ver. Alberto Kopittke, que nos trouxe,
com muita honra, o Major Romeu Rodrigues da Cruz Neto. Muito obrigado.
O Ver. Clàudio Janta está com a palavra em
Comunicações.
O SR. CLÀUDIO
JANTA: Bom-dia,
Vereadores, Sr. Presidente, realmente, a tragédia de Santa Maria deixa todos
nós, povo gaúcho, brasileiro, trabalhadores, de luto. Um momento muito triste
para o nosso Estado, quando vimos centenas de vidas de jovens serem ceifadas.
Trago aqui a solidariedade do meu Partido, o PDT, da Central que eu presido
aqui no Estado, a Força Sindical, mas são nestes momentos de dor que eu acho
que podemos tirar os aprendizados, isso no mundo inteiro. Eu acho que nós temos
que partir para a tolerância zero. Eu acho que a Prefeitura de Porto Alegre
deve, imediatamente, cassar todos os alvarás de casas noturnas de Porto Alegre.
Imediatamente! Cassar todos! Isso está sendo feito em várias cidades do Brasil,
eu acho que isso foi feito em vários países. Na Argentina teve uma tragédia
semelhante à tragédia de Santa Maria, e isso foi feito. Eu acho que nenhuma
vida significa nenhum ganho. Nenhuma vida significa nenhum ganho. Todos os
alvarás de casas noturnas de Porto Alegre deveriam ser suspensos temporariamente,
e eu acho que uma força-tarefa deveria averiguar a condição real de cada casa.
Tivemos um desabafo nas redes sociais do dono de uma grande casa em Porto
Alegre, Sr. Alexandre Lopes, o Alemão, do Opinião, dizendo que cumpre com uma
série de coisas, como brigada de incêndio, e que sempre buscou trabalhar de
acordo com a legislação vigente. Entre outras coisas, ele fala sobre as
exigências dos Bombeiros, principalmente do plano de prevenção contra
acidentes, e que, em todos os lugares em que realizou seus espetáculos, sempre
exigiu isso, motivo pelo qual não realizou a etapa do Pepsi On Stage Music, do
qual é proprietário, na trágica casa de Santa Maria. Está nas redes sociais um
empresário conceituado da noite de Porto Alegre dizendo que, na época que foi
procurado para fazer um evento, já tinha alertado que não faria esse evento em
função de a casa não ter um plano de prevenção contra incêndio.
Então, nós achamos que o Governo tem que ter
tolerância zero contra isso e, principalmente, que o nosso Prefeito de Porto
Alegre tem que comunicar à sociedade quais são as casas que trabalham com
liminar em Porto Alegre. Precisamos saber! Desde esse incidente, eu não consigo
dormir mais! Meu filho foi a um cinema, anteontem, e, até ele chegar, eu não
fiquei tranquilo. Acredito que nenhum pai em Porto Alegre está tranquilo,
nenhuma mãe, no Rio Grande do Sul ou no Brasil, está tranquila, não sabendo
para onde estamos levando nossos filhos – muitas vezes para os fornos. Algumas
casas são, literalmente, fornos.
Portanto, apresentamos aqui, Ver. Alberto
Kopittke, um projeto que se chama Casa Segura, onde todas as Secretarias
trabalharão em conjunto, e a casa terá que ter um selo na sua porta dizendo que
ela preenche todas as condições necessárias para estar aberta. Chega! Chega de
ver vidas ceifadas. Há pouco tempo, pegou fogo numa casa no Shopping Total, foi
de dia. E se fosse à noite, quantos jovens provavelmente nós perderíamos?
Então, apresentamos esse projeto que diz que a casa tem que ter um selo da
Prefeitura, e este tem que estar disponível. Nós queremos saber quem deu o
Alvará, o nome de quem autorizou aquela casa, a pessoa responsável, o
engenheiro, o arquiteto, a pessoa que fez a vistoria, porque estamos falando de
vidas; não estamos falando de dinheiro. É importantíssimo que a Prefeitura de
Porto Alegre tome uma atitude imediata fechando temporariamente todas as casas
e que o Prefeito divulgue as casas que trabalham com liminar. É inadmissível
prevalecer o capital sobre o bem maior que é a vida. Também queremos registrar
aqui a solidariedade do povo de Porto Alegre sobre...
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Clàudio Janta prossegue a sua
manifestação, a partir deste momento, para uma Comunicação de Líder.
O SR. CLÀUDIO
JANTA: Domingo,
quando soubemos da tragédia – porque perder uma casa, na vida de um
trabalhador, é uma tragédia – na Vila Mário Quintana e na Vila Liberdade –,
imediatamente criamos uma rede de solidariedade. Eu queria aqui, em nome da
Central que eu presido no Estado, agradecer a toda a população de Porto Alegre,
pois não param de chegar alimentos, roupas, cobertas para as pessoas na Vila
Liberdade. Queremos também salientar que é preciso fazer as obras necessárias
de infraestrutura para que as pessoas tenham dignidade lá onde moram, João
Derly. É importantíssimo que isso seja feito o mais rápido possível, que essas
pessoas tenham um pouco de dignidade, de conforto, um pouco de segurança,
porque, se o incidente que aconteceu na Vila Liberdade tivesse acontecido uma
hora e meia mais tarde, com certeza, hoje, não estaríamos falando somente da
tragédia de Santa Maria, porque as pessoas estariam dentro de casa, dormindo,
muitas crianças repousando, e não teríamos a felicidade que tivemos de não ter
nenhuma vítima. Só tivemos danos, as pessoas apenas perderam bens materiais.
Não adianta acharmos que só a Câmara de
Vereadores e a Prefeitura têm que cumprir a sua parte; nós também entregamos ao
Ministério do Trabalho e Emprego um pedido de fiscalização em todas as casas
que ficarem abertas, nas questões relativas ao trabalho: se os funcionários
dessas casas têm registro, têm carteira profissional assinada, se eles têm
seguro, se a jornada é adequada
e, principalmente, pedimos agora que no Planeta Atlântida seja feito isso, que
o Ministério do Trabalho, junto com o Ministério Público do Trabalho, vejam as
condições das pessoas que lá trabalham, vejam as condições de quem trabalha nas
praças de alimentação, de quem trabalha nas bilheterias, de quem trabalha na
segurança, de quem trabalha para realizar aquele evento; vejam, se, realmente,
um evento ao ar livre, com grandes produtos inflamáveis, é seguro para os
jovens que vão lá. E para lá os jovens vão desde os 13 anos
de idade. Então, é importantíssimo. Eu acho que a Prefeitura de Porto Alegre e
o Estado do Rio Grande do Sul têm que preservar a vida – e a vida só se
preserva com intolerância.
Ontem,
nós cancelamos todas as atividades do Fórum Temático, mas tivemos que fazer uma
reunião em virtude de vários dirigentes sindicais internacionais estarem em
Porto Alegre, e o Presidente da nossa Central, o Deputado Federal Paulo Pereira
da Silva, está apresentando no Congresso Nacional o mesmo Projeto no sentido de
legalizar a questão de todas as casas. Se o café tem selo, se a cachaça tem
selo, se vários produtos brasileiros que são exportados têm o selo de garantia
e o selo de qualidade, por que os locais aonde nossos filhos vão se divertir,
por que os locais aonde nossas crianças vão se divertir não têm que ter esse
controle? Se a casa não tiver esse selo, a casa não pode abrir. Se a casa não
tiver esse selo, ela não pode funcionar, porque ela, na realidade, está
propícia a cometer um grande crime, que é tirar a vida de pessoas, que é ceifar
a vida de pessoas. Isso, nós, como dirigentes sindicais, como defensores da
classe operária e dos trabalhadores, não iremos aceitar, em hipótese alguma. A
vida tem que estar sempre em primeiro lugar, e acredito que, com muita força e
fé, nós vamos fazer as mudanças necessárias para garantir a vida das pessoas.
Obrigado,
que Deus abençoe e ilumine todos os governantes e todas as pessoas que lidam
com a vida em nossa Cidade, no nosso Estado, no nosso País, e que o Prefeito
nos informe sobre as oito casas que estão trabalhando com liminar para até esta
Casa mesmo tomar as providências cabíveis, necessárias, porque é um absurdo
prevalecer o ganho financeiro e não a vida. (Palmas.)
(Não
revisado pelo orador.)
(O
Ver. Dr. Thiago assume a presidência dos trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Thiago): Agradeço ao
Ver. Nedel pela condução dos trabalhos até este momento. Eu estava no
Mutirão pela Cidadania.
O Ver. Paulinho Motorista está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. PAULINHO
MOTORISTA: Bom-dia,
Sr. Presidente e todos presentes. Agradeço ao Major do Corpo de Bombeiros pela
presença – acho que já não está mais aí. A profissão de bombeiro é, às vezes,
esquecida, mas, sempre que se precisa, em caso de acidente, incêndio e
afogamento, nós recorremos ao Corpo de Bombeiros.
Sobre a tragédia de Santa Maria, como falaram
aqui os colegas Vereadores, a gente, com certeza, tem que fiscalizar a situação
de segurança das casas noturnas, porque geralmente, quando fazem uma festa,
sendo necessário colocar segurança, o pessoal contrata 10, 15 ursos de quase
dois metros de altura para apartar brigas, dizendo a eles: “Fiquem aí e se der
briga coloquem os caras para fora”. Mas não é por aí, a segurança da casa, do
evento, tem que agir em todos os sentidos.
Também ontem estivemos no HPS e na Santa Casa,
junto com o Dr. Thiago, nosso Presidente, para fazer uma visita aos familiares
das pessoas ali baixadas e, conversando com a direção, nós ficamos felizes
porque os hospitais de Porto Alegre se reuniram, sendo que alguns de seus
servidores estavam de férias na praia, outros em seu lazer, e todos correram
para fazer parte de uma equipe para dar atendimento às pessoas envolvidas na
tragédia de Santa Maria. Eles foram rápidos na organização que fizeram para
atender a todos, para estabelecer aquele movimento, aquela
correria que ocorreu no nosso domingo, e a gente ficou feliz por isso, pela
atenção de todos os diretores dos hospitais, organizadores que estabeleceram
aquela situação e mobilizaram-se muito rápido; isso não é fácil.
A gente fica triste por aquelas famílias, por
tudo o que aconteceu. A gente não está aí para julgar ninguém, porque o que
aconteceu, isso não vai voltar. Julgar o rapaz que causou o início daquela
tragédia não seria justo, porque poderia ser qualquer um de nós ou um filho de
algum de nós – no caso, eu não tenho filhos, mas muitos aqui têm; se fosse o
próprio filho, com certeza, não acharia justo julgar, até porque o rapaz não é
um bandido. Aconteceu aquilo em consequência de ele ter aquela atitude, mas não
podemos julgar; temos, sim, que fiscalizar para que isso não volte a acontecer.
Muitas vezes, tem que acontecer algum acidente, alguma tragédia para que se
tomem as devidas providências. Isso é errado, a gente deve cortar sempre o mal
pela raiz, como se diz no nosso Português. Então, como os colegas Clàudio Janta
e Alberto Kopittke falaram, a gente tem que fiscalizar, para que isso não venha
a acontecer na nossa cidade de Porto Alegre, e, com certeza, para que não
aconteça em lugar algum.
Passando adiante, eu quero dizer que o nosso
Beco da Vitória está difícil, está virando uma novela aquilo lá. Agora, já está
em andamento aquela obra que a gente tem acompanhado, eu, o meu amigo Ver.
Mario Fraga e o Dr. Thiago, que está sempre presente lá, e a obra está andando.
O pessoal estava sendo prejudicado por aquela interrupção. Estive também, nesta
semana, com os nossos amigos engraxates que estão em uma situação difícil na
Praça da Alfândega: querem tirá-los do lugar em que estão já há bastante tempo,
mas estou acompanhando a negociação, estive com eles. Meus assessores estiveram
na SMIC, conversando com o nosso Secretário Dr. Goulart, e eu vou acompanhar
isso de perto para que se chegue a uma solução para os nossos camaradas, nossos parceiros engraxates, terem o
lugar deles. Estive com o Sr. Dilto, com o Sr. Júlio, que são responsáveis por
eles. Nós temos que trabalhar para todos, não para esse ou para aquele, ou
escolhendo conforme o interesse; estamos aqui para trabalhar para todas as
classes.
Inclusive,
meus colegas e amigos rodoviários, que estão em uma negociação ainda difícil,
vou acompanhar de perto, até porque sempre fui e sempre serei, de sangue, um
rodoviário; estarei ao lado deles nas negociações para que tenham êxito e nunca
virarei as costas a eles, seja qual for a situação em que estiverem.
Trabalharemos
muito para a melhoria da Cidade na qual me orgulho muito de morar.
Quanto
a essa situação em que eles se encontram, voltando aos rodoviários, estarei com
eles nas próximas reuniões, para negociações de salários, de carga horária;
tudo o que for possível eu farei por eles.
Mais
uma vez, fico triste pela tragédia que aconteceu, como todos aqui estão, e
volto a dizer: se começarmos a julgar esse ou aquele agora, será difícil, as
vidas não voltarão.
Um
abraço a todos.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Muito obrigado, Ver. Paulinho Motorista.
A
Ver.ª Jussara Cony está com a palavra em Comunicações e prossegue para uma
Comunicação de Líder.
A SRA. JUSSARA CONY: Bom-dia, Sr. Presidente, Srs. Vereadores
e Sras. Vereadoras. Os colegas Vereadores que me antecederam já falaram tanto
em relação à tragédia de Santa Maria, Ver. Kopittke, quanto em relação à
tragédia também aqui na nossa Cidade de Porto Alegre. Há pouco ouvi o Ver.
Janta, e, com certeza outros Vereadores aqui virão. Ontem, nós fomos, uma
comissão muito representativa de Vereadores, liderados pelo Presidente da Casa,
aos hospitais onde estão internados os feridos, porque Porto Alegre tem
hospitais de média e alta complexidade. Eu acho que temos que destacar aqui o
papel do Hospital de Pronto Socorro – que tem alta complexidade; o Hospital
Cristo Redentor; o Hospital Nossa Senhora da Conceição – do Grupo Hospitalar
Conceição; o Hospital de Clínicas; a Santa Casa; o Hospital Parque Belém, que
abriu um espaço importantíssimo para uma determinada etapa do atendimento a
esses pacientes; e também os hospitais particulares que não atendem o SUS, mas
que também estão se colocando à disposição. Creio que ontem foram duas
propostas encaminhadas pelas duas Vereadoras – pela Presidente e pela
Vice-Presidente da Comissão de Direitos Humanos, Vereadoras Fernanda e Mônica
–, uma discussão importantíssima que acontecerá no dia 07 de fevereiro sobre
essa questão dos locais e da segurança desses locais. Nós encaminhamos, já com
o aval do nosso Presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, a proposta
para um debate na nossa Comissão, convidando as outras Comissões, trazendo a
União, o Estado e o Município, para que possamos buscar aportes político e
orçamentário para a reforma do nosso Hospital de Pronto Socorro, que atende
esses queimados de alta complexidade, atende todos os traumas. Isso também
incluindo os outros hospitais, como o Cristo Redentor, que têm que passar de
média complexidade para alta complexidade. Será uma discussão não só sob o
ponto de vista da tragédia depois de ocorrida, mas também sob o ponto de vista
dos cuidados e da prevenção.
Mas
me traz aqui neste momento, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a questão do
incêndio da Vila Liberdade, onde 75 famílias foram atingidas. O Ver. Janta já
pautou algumas questões que eu acho fundamentais e com as quais não podemos
concordar. Esta Câmara tem que participar, Sr. Presidente, de um modo geral,
com todos os Vereadores que assim entenderem, mas por designação, por
liberação, por determinação da Presidência desta Casa, porque mesmo os
moradores que não tiveram suas casas atingidas em áreas próximas estão sendo
retirados. A Prefeitura propôs um aluguel social de R$ 400,00 às famílias
enquanto executa o projeto habitacional, e se comprometeria, pelo contrato de
aluguel social, que as famílias retornariam ao local de origem. Esta é uma
questão essencial, estratégica: não se tira morador do lugar onde
ele construiu a sua vida. Eu acho que a Câmara Municipal tem que estar junto,
orientando para que se tenham construções de emergência e que se aproveite,
infelizmente por uma tragédia, para se ter uma política habitacional para
aquela área. Acho que o momento é oportuníssimo para isso.
A Prefeitura alega que há uma minoria que
pretende sair de lá, mas isso não pode servir de alegação para uma solução, já
que foi discutida com a comissão de moradores e essa não seria a posição
predominante e, sim, de continuarem no lugar. Eles se propõem, inclusive, a ali
serem protagonistas da construção de um projeto de moradia com qualidade de
vida e segurança. A principal reivindicação é que eles permaneçam no local,
mesmo nessas casas de emergência ou reerguendo-as por conta própria, se
necessário.
Eu gostaria de dizer que a Câmara Municipal tem
que estar presente com essa designação do nosso Presidente, como um setor
institucional estratégico e importante para a solução de problemas como esse.
Há um medo generalizado de que não seja
permitido o retorno das famílias aos seus terrenos, porque aquele local está muito
valorizado com a construção da Arena do Grêmio, que tornou aquela área nobre.
Agora, a nobreza dessa área é a garantia de que esses moradores lá permaneçam,
porque eles são os construtores, há muito tempo, do seu direito de morar.
Então, nós não podemos trabalhar com especulações imobiliárias em detrimento
das pessoas que sofreram uma tragédia como essa, e que são os verdadeiros donos
daquele espaço, conquistado com muita luta.
A Sra. Lourdes
Sprenger:
V. Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Ontem, eu vi, em um
noticiário, que há duas famílias de carroceiros que não poderão ficar nesse
local, porque não há espaço para seus cavalos. A TV mostrou que não há local
para o cavalo pastar. Então, quem está nessa comissão deve organizar também esse
lado do animal, ou inserir essas famílias em outras atividades, porque não se
pode deixar o animal em um cubículo.
A SRA. JUSSARA
CONY: Isso
é relativo ao próprio trabalho, o animal está servindo ao trabalho. É isso que
eu estou dizendo, Vereadora,
dessa necessidade de a Câmara ser partícipe, porque aí vêm todas as questões
que envolvem um momento como este; e a Prefeitura, através do Secretário de
Direitos Humanos. E nós queremos solicitar ao Secretário, da tribuna, que há
que ter um amplo diálogo e a compreensão de que a Câmara Municipal tem que
estar envolvida nesse processo. Ontem, eu conversei muito com o Vereador
Delegado Cleiton, que é o Presidente da CUTHAB, e na semana que vem estarão
instaladas já as comissões, mas nós temos premência de que entre hoje ou
amanhã, no máximo, tenhamos a designação aqui, e os Vereadores que quiserem ir,
que estão dispostos, envolvidos – o João Derly hoje vai lá, o Ver. Delegado
Cleiton ontem me falou dessa iniciativa –, com vontade de estar lá ao lado dos
moradores. Então, Presidente, acho que é de bom tamanho e politicamente
necessário que a Câmara, sob a coordenação do nosso Presidente, esteja à
disposição para esse processo de encaminhamentos.
Ontem,
eu conversei muito com o Dr. Juliano Viale dos Santos, da Defensoria Pública,
do Núcleo de Defesa do Consumidor e de Tutelas Coletivas, e ele me disse que
esteve no local; a minha assessoria, através do meu chefe de gabinete, através
do movimento comunitário, esteve no local, conversou com o Defensor e ele abriu
um procedimento administrativo de apuração de danos à coletividade. E lá, o que
se viu? Exatamente a centralidade da minha conversa com o Defensor foi essa: há
um consenso dos moradores no sentido de terem garantida a sua permanência
naquele local, que é o seu local de moradia. Que se trabalhe a emergência, mas
que se use esse momento para a construção de um projeto habitacional, para a
regularização fundiária, para a qualidade de vida daqueles moradores. Nós não
podemos permitir que se torne uma remoção forçada das famílias, e a solução tem
que ser consensuada. E a Câmara pode e deve cumprir um papel importante de
diálogo e de mediação. Se precisar de um Termo de Ajuste de Conduta entre os
entes institucionais, os moradores e a Defensoria Pública, caminhemos nesse
processo, sob a ótica dos interesses dos moradores.
Agradeço,
então, pela atenção de todos os Vereadores, e solicito, finalizando, Sr.
Presidente – creio que o dia é hoje –, que V. Exa. entenda que na sua
administração, na sua pessoa como nosso Presidente, V. Exa. é nosso grande
guardião para que a Câmara Municipal esteja no processo de solução dessa
questão. Proponho a V. Exa. que estabeleça, a partir deste momento, por sua
designação, que aqueles Vereadores que estejam para lá se dirigindo, estejam indo
discutir, com os moradores, o espaço em nome da Câmara Municipal de Porto
Alegre. Há vários Vereadores que têm esse interesse e que hoje à tarde estão
para lá se dirigindo. Destaco que ontem, sob a sua coordenação, a visita aos
hospitais tomou um vulto importante com desdobramentos estratégicos dentro
desta Casa. Muito obrigada.
(Não
revisado pela oradora.)
(O
Ver. Dr. Thiago reassume a presidência dos trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Muito obrigado, Ver.ª Jussara Cony. Pode
ter certeza que esta é a nossa orientação, a de possibilitar a que todos os
Colegas possam desenvolver o seu mandato na plenitude. No que pudermos ajudar,
ajudaremos, pode ter certeza. Ver.ª Jussara Cony, fica aqui a sugestão, a
abertura desta Casa, desta Mesa, desta Presidência, para que os Vereadores que
irão até lá, hoje, possam trazer a demanda à Casa. Vossas Excelências são os
nossos porta-vozes lá, neste momento.
A
Ver.ª Lourdes Sprenger está com a palavra em Comunicações.
A SRA. LOURDES SPRENGER: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs.
Vereadores, não podemos deixar de registrar que o momento é de grande pesar
pela tragédia ocorrida na cidade de Santa Maria, e que este episódio sirva para
uma profunda reflexão do Poder Público, da sociedade e seus segmentos, e que esta
Casa possa reavaliar, sugerir ou fiscalizar também a legislação existente.
Mas
hoje a minha fala é sobre uma proposta que quero trazer a esta Casa, que em boa
hora o Sr. Presidente está providenciando a melhoria do site da Câmara, para uma atualização que sirva para implementar uma
nova pesquisa, que seria a pesquisa às emendas dos Vereadores, individualizadas
no Orçamento. Essa proposta tem por objetivo, em primeiro lugar, a dar
transparência ao processo de tramitação e acompanhamento das emendas junto ao
Executivo, fortalecendo o trabalho do Vereador junto às comunidades, devido à
importância de quando se apresenta uma emenda até o seu cumprimento. Para
ilustrar a nossa sugestão, lembro ao Sr. Presidente que o jornal Zero Hora
publicou, na semana passada, emendas dos Deputados da Bancada gaúcha em
Brasília, constando o Ministério, valor e o seu encaminhamento. O exemplo pode
ser adequado aos propósitos desta Casa, e o nosso trabalho dará transparência
aos interessados, que é a população.
Por
fim, Sr. Presidente, deixo aqui essa sugestão, para que introduza no site da Câmara essa proposta das emendas
individualizadas dos Vereadores para o Orçamento, que poderá ter uma dimensão
social para os cidadãos e cidadãs da nossa Cidade. Muito obrigada.
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Ver.ª Lourdes, eu acho importante essa
demanda; os servidores da Informática, em especial a coordenadora, Sra. Márcia,
estão remodelando todo o site. Acho
que isso pode nos ajudar bastante.
O
Ver. Mario Fraga está com a palavra em Comunicações.
O SR. MARIO FRAGA: Minha amiga, Ver.ª Mônica Leal, que
retorna a esta Casa, de onde nunca deveria ter saído, fizemos um belo trabalho
na Vice-Liderança do Governo Fogaça, fico muito contente com o seu retorno. Sr.
Presidente, quero dizer que postei no meu blog
essa notícia de pesar sobre a tragédia de Santa Maria. Acho que agora todos nós
estamos envolvidos para que isso não aconteça mais no nosso Estado e, quem
sabe, no Brasil. Talvez com uma medida bem simples, através do Deputado Federal
Vieira da Cunha, vamos solicitar que sejam proibidos fogos dentro de casas de
espetáculos.
Quero
parabenizar a Ver.ª Fernanda, Presidente da Comissão de Direitos Humanos da
Casa, que, logo após a tragédia me telefonou para fazermos uma reunião aqui, e
também o Presidente, Dr. Thiago, que está trazendo o assunto para esta Casa,
amanhã, dia 31.
Sobre
o nosso mandato, neste fim de semana fizemos algumas visitas para ver como está
a Cidade. Eu já falei em outras oportunidades que estamos dando um tempo para a
Administração do meu Governo, do Governo Fortunati, porque a nossa Cidade está
precisando de algumas coisas, Ver.ª Lourdes – em especial a capina e o trabalho
do DMLU no Parque São Sebastião e na Vila Farrapos, onde estive. E eu prezo
muito o Secretário André Carús, que foi meu colega aqui e me ajudou bastante
quando estava na SMAM.
Então,
eu estou dando esse tempo, mas a partir de fevereiro eu acho que a nossa Cidade
tem que começar a se movimentar, em especial nessas áreas que estão carentes
desde o fim do ano passado. Também estivemos na Vila dos Sargentos, olhando o
campo de futebol lá da Serraria. Isso já foi providenciado, o DMLU já nos
atendeu, vão fazer o corte de grama e o corte no entorno do campo de futebol da
Serraria.
Um
assunto que eu tenho batido bastante é Unidade Básica de Saúde de Belém Novo
que, infelizmente, está na iminência de fechar. Nós temos trabalhado bastante e
quero ver se, na sexta-feira, consigo levar o Secretário Substituto para falar
com a chefe do serviço e vermos o que é necessário para que aquele posto
continue aberto, especialmente com três turnos, até às 22h, como o Dr. Thiago
já havia falado aqui.
Eu
falei que tentaria, em junho, julho e agosto, que o posto abrisse 24 horas, mas
já estou desistindo dessa ideia e estou querendo que fique aberto pelo menos
até às 22h. Está sendo difícil, mas nós vamos trabalhar – especialmente o meu
gabinete – para que aquele posto não feche.
Quanto
ao Beco da Vitória, Ver. Paulinho Motorista – V. Exa. tratou desse assunto –,
estivemos lá com o Secretário de Obras, Mauro Zacher, com os engenheiros da
SMOV, e tudo o que foi prometido lá, ele fez. O Beco da Vitória está aberto ao
trânsito e, com mais 30 dias, se Deus quiser – e Deus vai nos ajudar, não é,
Ver. Paulinho? –, aquela obra, que já tem mais de 20 anos, senão 25 anos,
estará terminada. Foi nos prometido, Dr. Thiago e Ver. Paulinho, que frequentam
bem aquela região, que, até o dia 28 de fevereiro, o Beco da Vitória vai estar
asfaltado; é uma reivindicação muito antiga de toda a nossa comunidade do
Extremo-Sul.
Então,
quero dar os parabéns e agradecer o Secretário Mauro Zacher, que esteve conosco
lá no Beco da Vitória. O engenheiro nos prometeu isso e já cumpriu a primeira
parte. Agora no mês de fevereiro, com certeza, vamos terminar o Beco da Vitória
e entregá-lo para aquela comunidade que tanto necessita.
Também,
para não esquecer, a obra da Casa de Menores Infratores está paralisada por uma
medida cautelar. Voltaremos a nos reunir em 14 de fevereiro para tomarmos pé da
situação, para que não aconteça em Belém Novo a criação da Casa de Menores
Infratores. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): A Ver.ª Mônica Leal está com a palavra
em Comunicações e prossegue para uma Comunicação de Líder.
A SRA. MÔNICA LEAL: Bom-dia a todos os presentes;
Presidente, eu pensei que estaria hoje aqui fazendo a minha primeira fala com
muita alegria, compartilhando com os presentes a minha felicidade por retornar
a esta Casa de onde um dia saí. Aqui começou a minha vida política, ao lado do
meu pai, então Vereador Pedro Américo Leal. Saí desta Casa por convocação do
Partido Progressista para concorrer ao Senado; depois, o caminho natural foi
ocupar uma Secretaria no Governo Yeda Crusius. Quando pensei em concorrer
novamente, eu havia denunciado uma fraude na Cultura do Estado e resolvi que
não era momento de concorrer novamente à Vereança, porque necessitava
acompanhar a denúncia que havia feito. E fiz certo: oito pessoas foram
indiciadas e duas presas por um desvio de R$ 5 milhões do dinheiro público da
Cultura do Rio Grande do Sul.
Hoje,
retorno a esta Casa muito triste. Não gostaria de fazer esta fala dizendo do
meu sentimento, da minha comoção, da minha tristeza, da minha revolta com o que
assisti no domingo pela manhã, após uma caminhada; eu, como jornalista, sempre
escuto as rádios desde cedo da manhã, e, naquele dia, eu não liguei o rádio.
Eis que recebo a ligação da minha filha, que é casada com um médico de Santa
Maria – portanto, toda a família é de Santa Maria. Foi muito difícil, porque
havia um misto de dor, de pavor, de medo de que pessoas da família estivessem
envolvidas, e, graças a Deus, após constatar que não havia nenhum parente, eu
me dei conta da vulnerabilidade da situação em que vivemos como mãe, como
cidadã, como mulher.
Nunca,
na minha vida, eu me preocupei com a segurança dos meus filhos num lugar de
diversão. Eu sempre fiquei preocupada com as ruas, quando eles saíam: se
voltavam, os assaltos, a falta de segurança que temos no Estado e em Porto
Alegre. Eu nunca perguntei aos meus filhos se eles sabiam, se eles checavam as
portas de saída de emergência, se no teto havia material inflamável, se havia
alvarás... Eu nunca me preocupei com isso! Eu confesso a vocês que sempre
fiquei muito tranquila quando eles estavam num lugar de diversão. Eu mesma
cansei de ir a lugares assim. E hoje vejo que os pontos críticos que
facilitaram essa barbaridade, a segunda maior tragédia do Brasil, estão
ligados, na minha opinião, a leis e à fiscalização, à impunidade.
Ora,
não venham me dizer que não é responsabilidade... É, sim, não se abre uma casa
para receber quase mil pessoas sem exigências para tal. Eu, sinceramente,
gostaria de poder falar diferente.
Eu
listei aqui, em segundos, na minha cadeira, algumas coisas que eu quero
registrar: alvará do estabelecimento vencido, problemas no espaço físico da
boate, falta de portas de emergência, extintores, superlotação, plano de
prevenção e combate a incêndio vencido desde agosto de 2012... Ora, senhoras e
senhores, fiscalização não tem prazo de validade! Não há desculpa. Centenas de
pessoas morreram por falta de responsabilidade, por impunidade.
Eu
não teria mais o que dizer para vocês a não ser registrar nesta tribuna que eu
vou trabalhar incansavelmente para que a segurança seja cumprida em todas as
casas desta Cidade. Na segunda-feira, eu entrei com um Projeto de Lei, o PLL nº
507/13, que proíbe a utilização de explosivos de qualquer espécie em locais
fechados no âmbito do Município de Porto Alegre. Não é possível que nós
assistamos a tudo isso como meros espectadores. Eu gostaria de fazer uma fala
mais alegre.
E,
Ver. Mario, eu gostaria de agradecer a tua homenagem, a tua recepção; nós
fizemos um belo trabalho no passado, e tenho certeza de que faremos de novo,
mas a nossa obrigação, neste momento, como representantes do povo de Porto
Alegre, que espera a nossa permanente fiscalização no direito básico de
segurança, agora é urgente. Eu faço um chamamento a todos os Vereadores e
Vereadoras desta Casa que sobrepõe siglas partidárias, ideologias políticas, no
sentido de que esta seja nossa missão principal: trabalhar para a segurança das
pessoas que vão à noite se divertir em locais públicos e que os Governos
municipais, estaduais e federal têm obrigação de cumprir. Obrigada, um abraço a
todos.
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Obrigado, Ver.ª Mônica Leal.
A
Ver.ª Fernanda Melchionna está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras.
Vereadoras, de fato, esta semana tem sido muito triste para todos nós. Todos
acompanhamos pelas redes sociais, pela imprensa, pelas comitivas de
solidariedade, assim como os nossos jovens militantes do PSOL que foram a Santa
Maria prestar solidariedade, a tragédia da perda de mais de 230 jovens que
perderam a vida de maneira trágica, brutal, o que nos indigna e nos entristece.
Com essas palavras, evidentemente, nós queremos nos solidarizar com todos os
familiares, com todas as vítimas que estão hospitalizadas lutando pela vida.
Queremos
dizer que não se pode conceber uma tragédia como simplesmente uma tragédia. Uma
sucessão de erros, de irresponsabilidades, de falta de fiscalização levou a
essa situação brutal na madrugada de domingo.
Nós
não podemos conceber que, havendo tecnologia de ponta para um isolamento
acústico que não seja inflamável, ainda hoje sejam aceitas espumas altamente
inflamáveis nas casas noturnas. Não podemos conceber, Ver.ª Mônica, que tenham
sido usados sinalizadores exatamente iguais aos da tragédia que aconteceu na
Argentina, exatamente iguais a um sinalizador que pegou fogo na espuma do
isolamento acústico, que rapidamente se espalhou; não podemos aceitar que aqui
tenha se repetido essa tragédia! Por isso, é fundamental, sim, que esses
sinalizadores não possam ser utilizados em casas fechadas, assim como V. Exa.
propõe.
Agora,
nós estamos diante de uma situação altamente reflexiva. Reflexiva na luta por
justiça – porque eu acho que, sim, é necessário o mais amplo inquérito em
relação às condições do plano de prevenção de incêndio, a questão dos
extintores que não funcionaram, a questão do alvará dessa casa noturna, a
averiguação de se houve ou não a proibição de os jovens saírem em função da
comanda – aliás, comanda é algo que se pode discutir plenamente –, mas,
necessariamente, o Brasil, o povo e sobretudo as famílias atingidas por essa
tragédia merecem justiça e a mais ampla investigação dos responsáveis.
E
nós, em Porto Alegre, temos que fazer a nossa parte. Amanhã tem um seminário
para apresentação das normas e da legislação de nossa Cidade, promovido pela
Presidência e a Mesa Diretora, Ver. Dr. Thiago; a nossa Comissão de Direitos
Humanos estará presente, como bem falou o Ver. Mario Fraga, e nós queremos dar
sequência a esse trabalho. Para dia 7 de fevereiro, estamos marcando um outro
seminário para buscar as medidas protetivas à segurança dos jovens e
frequentadores das casas noturnas. Nós queremos fazer – e já foi conversado com
todos os membros da Comissão –, um seminário em que venham os órgãos
municipais, venha o corpo de bombeiros; ontem a Diretora do HPS se colocou à
disposição para falar em relação às questões de saúde em casos de sinistro; que
venha a Cidade Baixa em Alta; que venha a sociedade e que venha o Sindipoa, e
também, queremos a parceria com as Comissões. A Ver.ª Jussara Cony já colocou a
Comissão de Saúde e Meio Ambiente à disposição, e será uma reunião das
Comissões para que a gente possa avançar, fazer um seminário e buscar as soluções,
a fiscalização necessária, e evitar tragédias desse tipo.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago Duarte): A Ver.ª Fernanda Melchionna prossegue a
sua manifestação, a partir deste momento, em Comunicações.
A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Temos um outro tema fundamental aqui na
cidade de Porto Alegre, que foi o incêndio na Vila Liberdade. Existe uma
comitiva de Vereadores que agora à tarde se deslocarão também para participar
dessas tratativas, e quero já colocar a Comissão de Direitos Humanos à
disposição. Estive lá na segunda-feira e ontem conversando com os moradores,
são 195 pessoas que estão atingidas, algumas no ginásio da Escola Antônio
Giúdice, outras acampadas perto de sua região de moradia, porque nós sabemos
que muitos perderam todos os seus bens nesse trágico incêndio. Então, existe
uma ampla campanha de solidariedade nas redes e nas instituições para ajudar
essas famílias com os materiais necessários – alimentos, fraldas, móveis. Mas
existe a política pública habitacional! Nós sabemos que a região já foi
altamente impactada pela construção da Arena. Tivemos audiência pública lá, com
a CUTHAB e com a Comissão de Direitos Humanos, no ano passado, com relação,
Ver. João Derly, aos impactos da obra para os morados do bairro: saneamento,
poeira e, fundamentalmente, equipamentos públicos que não foram melhorados em
decorrência do aumento de mais de mil pessoas na região. Então, são creches,
postos de saúde, uma série de coisas.
E
nós sabemos que as obras de mobilidade sairão no entorno. Lamentavelmente, a
Prefeitura assumiu as dívidas da OAS, que ganhou um regime urbanístico especial
na Azenha que ficará por 20 anos com boa parte da bilheteria dos jogos do
Grêmio e que construirá torres para explorar a região com hotéis e centro de
serviços, e o Ministério Público abriu uma representação contra a Prefeitura
por assumir aquilo que seria a contrapartida da empresa ao Município de Porto
Alegre. Na prática, o Poder Público está assumindo, com o dinheiro dos imposto
de todos os porto-alegrenses, a contrapartida de uma grande empreiteira que
ganha dinheiro do BNDES, que está envolvida em várias obras no País e que
deveria deixar contrapartidas na região.
De
qualquer maneira, fiz esse preâmbulo para dizer que aquela região irá se
valorizar. Necessariamente, os imóveis da região irão se valorizar, e nós
sabemos que a especulação imobiliária está de olho nessas áreas que, em dois
anos, serão parte da área nobre da Cidade de Porto Alegre. E como não
questionar os programas habitacionais do Governo Municipal quando o Programa
Integrado Entrada da Cidade ainda patina? São dez anos da construção do
Programa, e não foram construídas as casas. Como não questionar a política
habitacional quando, dos 54 mil inscritos no Minha Casa, Minha, Vida, nem três
mil foram contemplados? Como não questionar, quando estamos vendo que a
política é pegar essas pessoas que construíram aquele bairro, que conquistaram
asfalto e equipamento com sua mobilização e, agora, diante de um sinistro que
levou à perda de várias casas, transferi-las para outras regiões da Cidade? Nós
não aceitaremos esta política de segregação espacial, não silenciaremos diante
das 600 famílias que esperam uma resposta da política habitacional do município
de Porto Alegre. Além disso, nós queremos discutir essas medidas transitórias.
Nós sabemos que o aluguel social é uma medida paliativa necessária nesse caso
para que as pessoas possam seguir morando. Estão na escola, daqui a pouco
voltam às aulas, e são famílias inteiras precisando de moradia. Mas aluguel
social é insuficiente; não se consegue aluguel com o valor de R$ 400,00
oferecidos pela Prefeitura, justamente porque o bairro se valorizou. E como
ficarão as famílias? Portanto, acho fundamental essa comitiva da Câmara que
hoje, às 15h, estará presente, certamente lado a lado lutando com o povo pelo
direito à moradia digna.
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Obrigado, Ver.ª Fernanda Melchionna.
O
Ver. João Derly está com a palavra em Comunicações.
O SR. JOÃO DERLY: Bom-dia Sr. Presidente, demais Vereadores,
serei breve, trazendo o assunto repetitivo, sobre o acontecimento dessa
tragédia que aconteceu em Santa Maria. Prestando a nossa solidariedade fiz uma
Moção de Solidariedade para a cidade de Santa Maria. Eu gostaria de convidar os
colegas para assiná-la. (Lê.): “Pelos motivos que passo a expor: Não apenas a
cidade de Santa Maria, mas o Rio Grande do Sul e o Brasil estão de luto pela
fatalidade ocorrida no último dia 27 de janeiro de 2013. O falecimento de 235
jovens universitários e as centenas de feridos entristeceram o nosso Estado, e
esta Casa Legislativa não poderia deixar que tal brutalidade passasse em vão. O
momento não é apenas de solidariedade, mas também de reflexão para que fatos
como este jamais voltem a repetir-se em nossa Nação. O mínimo que podemos fazer
é enviar a nossa solidariedade ao povo de Santa Maria, que chora a morte de
seus filhos”. Solicito que esta Moção seja encaminhada aos destinatários a
seguir relacionados: Reitor da Universidade Federal de Santa Maria e familiares
das vítimas. Então, convido nossos colegas para expressarmos o nosso sentimento
de tristeza neste momento e enviarmos, ao menos, os nossos sentimentos às
famílias que perderam seus filhos, trabalhadores, militares, enfim, a todas as
pessoas que sofreram com esse acontecimento. Depois encaminharei cópia a cada
um. Obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Ver. Marcelo Sgarbossa está com a
palavra em Comunicações. (Pausa.)
(O
Ver. João Derly assume a presidência dos trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (João Derly): O Ver. Dr. Thiago está com a palavra em
Comunicações.
O SR. DR. THIAGO: Obrigado, nosso medalhista olímpico na
condução dos trabalhos, Ver. João Derly; primeiro, quero mandar um abraço muito
fraterno à Santa Maria, quero dizer que nós sentimos muito, porque todos somos
pais, somos mães e temos esse sentimento. Quero mandar um abraço muito especial
à família de minha esposa, são nove irmãos em Santa Maria. Felizmente não
tiveram nenhum ente direto vinculado a essa tragédia, mas diversos conhecidos.
Por isso nós vamos, na Reunião Ordinária de amanhã, em Comparecimento, mesmo em
Reunião Representativa, trazer aqui representantes da Secretaria Municipal de
Urbanismo, responsável pelos alvarás, o Secretário da SMIC, a SMAM, a SMOV e a
Procuradoria-Geral do Município, para participarem desse evento, além dos
bombeiros, para discutir a questão do licenciamento das casas de shows, entretenimento e divertimento.
Então,
eu já convido todo o povo de Porto Alegre para participar dessa discussão que
se inicia aqui, e depois, no sentido de fortalecer efetivamente as Comissões,
terá os seus desdobramentos dentro da Comissão de Direitos Humanos e Defesa do
Consumidor, como a Ver.ª Fernanda já falou aqui, até num possível checklist, possíveis visitas a casas em
que forem solicitadas pela comunidade de Porto Alegre ou que forem apontadas
pela Comissão. Aproveito para fazer esse convite para a nossa Reunião
Representativa.
A
segunda questão que eu queria abordar aqui é com relação às visitas que realizamos
ontem ao HPS, enfocando, basicamente, uma solidariedade às vítimas dessa
catástrofe que houve em Santa Maria. Fomos lá no sentido de prestar a mais pura
solidariedade e tentar ajudar naquilo que for possível. Sabemos que a dor é
muito grande, que há dificuldades, e aqui vão os parabéns a todos os
funcionários públicos da Secretaria Municipal de Saúde que, num curto espaço de
tempo, conseguiram mais 60 respiradores, mais 60 leitos em UTI, que certamente
fizeram a diferença, porque hoje nós temos, em Porto Alegre, 58 pacientes de
Santa Maria. Então, realmente, essa ação fez a diferença nesse processo.
Depois
estivemos na Santa Casa, continuando as visitas que temos feito às urgências e
às emergências de Porto Alegre. Lá voltamos a encontrar uma grande questão que
tem que ser amplamente debatida, que é a questão das consultas especializadas
em Porto Alegre. Temos que partir para uma regionalização efetiva das
consultas; não pode o paciente da Restinga, do Lami, ser marcado para um outro
extremo da Cidade, por exemplo, para o Grupo Hospitalar Conceição, de manhã
cedo, pois ele não vai conseguir chegar. Nós temos que ter uma forma de
reaproveitar essas consultas. A Cidade não pode continuar com um índice de
faltas de 20% a 30% nas consultas especializadas. Temos que ter um sistema
centralizado para avisar aos pacientes que eles, efetivamente, têm uma consulta
especializada. Além dessas questões, é fundamental voltar a se praticar a
interconsulta, para que o paciente não tenha que retornar ao posto de saúde em
função de complicação do seu problema.
Vou
citar um exemplo: uma das conselheiras de saúde levou um caso ontem ao Hospital
Santa Casa, de um paciente com hipertensão e diabetes que foi atendido na Santa
Casa e que, em determinado momento, teve agravamento no seu problema de saúde,
Ver. João Derly, e passou a ter problema renal em função da diabetes. Esse
paciente foi orientado a voltar ao posto. Isso não pode acontecer. Se for o
mesmo problema, o hospital tem que dar seguimento ao atendimento. Mas aí
aconteceu uma coisa pior ainda: ele foi encaminhado do posto para o
nefrologista, só que para um outro hospital! Então, ele agora trata da
hipertensão e da diabetes no Hospital Santa Casa e trata do problema renal, que
é consequência da hipertensão e da diabetes, no Hospital de Clínicas.
Portanto,
realmente temos que corrigir isso. Não podemos ser reféns de um sistema de
informática; o ser humano tem que estar acima e tem que sobrepujar todas essas
coisas, principalmente quando se trata de Saúde pública. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
(O
Ver. Dr. Thiago reassume a presidência dos trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Obrigado, Ver. João Derly. Recebo a Moção
de Solidariedade, de autoria do Ver. João Derly, que será votada amanhã.
Não
há mais Vereadores inscritos. Desde já convido todos os porto-alegrenses a
participarem do grande debate que vamos fazer amanhã, aqui, sobre a questão do
licenciamento, sobre a questão da autorização, principalmente com relação aos
alvarás e alvarás provisórios das casas de festas, shows e espetáculos.
Muito obrigado.
Estão
encerrados os trabalhos da presente Reunião.
(Encerra-se
a Reunião às 11h27min.)
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